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SOBRE O ARTIGO

José Monteiro (Presidente do fã clube Almost Elvis de João Pessoa) gentilmente nos enviou este artigo de seu colaborador chamado Solidônio "Presley". É um artigo bem elaborado que tira muitas dúvidas sobre a classificação do DVD "Elvis on Tour" lançado em 2010. Na época o DVD foi lançado com uma "observação" de que havia cenas de "Consumo de Drogas ilícitas" e "Desvirtuamento de Valores Éticos"   Queremos dar os parabéns ao Solidônio que realizou uma grande pesquisa para desvendar este "mistério" que irritou muitos fãs na época!

 Ass. Marcelo Neves.

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA DO FILME "ELVIS ON TOUR"

TEXTO: SOLIDÔNIO PRESLEY - COLABORADOR DO FÃ CLUBE ALMOST ELVIS DE JOÃO PESSOA

 

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA DO DOCUMENTÁRIO “ELVIS ON TOUR”: UMA APRECIAÇÃO

Em novembro de 1972, a “Metro Goldwyn Mayer” lançou o documentário de longa metragem “Elvis on Tour” para as salas de cinema. Rapidamente, após as primeiras semanas de exibição, o filme alcançou enorme popularidade entre o público e a crítica especializada. O êxito da produção foi tamanho, que o “Globo de Ouro” premiou o “Elvis on Tour” como o melhor documentário daquele ano.
Posteriormente, o “Elvis on Tour” tornou-se disponível para o grande público em VHS e “vídeo laser”, mídias já extintas no mercado. O lançamento da obra em DVD e “Blu-ray” somente ocorreria no ano de 2010. Até esta data, os fans aguardavam ansiosamente por esta nova edição, cuja qualidade de vídeo seria bastante superior às edições anteriores. Sobretudo, havia grande expectativa de que os “outtakes” inéditos do “Elvis on Tour” fossem remasterizados e incluídos no DVD. Infelizmente, a edição de 2010 simplesmente repetiu as cenas apresentadas nas edições anteriores. Embora a remasterização tenha melhorado sensivelmente a qualidade de áudio e de vídeo, nenhum material extra foi incluído.
Alguns fans também se ressentiram da alteração feita na abertura do filme, que substituiu a canção original (Johnny B. Goode) por uma versão editada de “Don’t Be Cruel”. Além desta alteração, um acontecimento lamentável deixou os fans de Elvis perplexos e entristecidos - a classificação indicativa do DVD traz a seguinte observação: “Não recomendado para menores de 14 anos. Contém consumo de drogas ilícitas e desvirtuamentos dos valores éticos”.
Um exame minucioso do filme mostrará que o “Elvis on Tour” é desprovido de qualquer alusão às drogas; tampouco apresenta cenas que possam afrontar os princípios da ética ou ameaçar a integridade da família. Ao contrário, o documentário mostra um artista totalmente empenhado no seu trabalho, às vezes mais introspectivo; às vezes mais descontraído em suas performances. No palco e nos ensaios, Elvis freqüentemente aparece cantando músicas sacras em momentos de rara inspiração. Em outros trechos, Elvis demonstra o tratamento cordial que dava aos seus músicos, fans e anfitriões. Tudo isso é visto em meio ao entra e sai frenético de limusines, hotéis e aviões. Enfim, vê-se Elvis realizando uma exaustiva turnê, que incluía shows noturnos durante 15 dias em 15 diferentes cidades americanas. No palco, Elvis ostenta o mesmo vigor e agilidade que o consagrou, mas nada que pudesse ultrajar a moral, o pudor e os bons costumes sociais.
As biografias mais reputadas atestam que Elvis tornou-se dependente de medicamentos psicotrópicos, o que é um fato incontestável e aceito sem problemas pelos fans. Sabe-se que o uso continuado de psicotrópicos produz algum grau de dependência, em menor ou maior grau. No caso de Elvis, estes medicamentos foram indicados pelo seu médico particular, Dr. George Nichopoulos. As razões que levaram a essa dependência progressiva são de natureza médica e pessoal, e não cabe a nós emitir juízo de valor sobre isso. Não obstante, deve ser enfatizado que Elvis não transgrediu qualquer preceito da Lei ao consumir estes medicamentos; tampouco recorreu a meios ilícitos para obtê-los.
Se houve excesso no uso destes psicotrópicos, a responsabilidade recai, pelo menos em parte, sobre o médico que os prescreveu. É sabido que o Dr. Nichopoulos teve sua licença suspensa pelo Conselho Médico do estado do Tennessee. O mesmo foi acusado de emitir um número excessivo de prescrições a vários pacientes durante sua vida profissional.
Não há registro audiovisual que mostre Elvis utilizando drogas ilícitas, insinuando ou fazendo apologia ao uso das mesmas. Ao contrário, Elvis participou de várias campanhas contra o uso de drogas. Também recebeu do Presidente Nixon o título honorífico de agente federal do “birô de drogas e narcóticos”, departamento americano encarregado de combater o tráfico e o consumo de entorpecentes. Em toda obra de Elvis, seja nos shows, seja nos filmes de Hollywood ou aparições na TV, o uso de drogas jamais foi sugerido ou encorajado. O mesmo se aplica para as letras de suas músicas.
Afinal, quais são os critérios de classificação indicativa adotados no Brasil? No portal do Ministério da Justiça, é possível consultar a classificação de qualquer obra cinematográfica (ver link 1 abaixo). Também foi disponibilizada uma publicação intitulada “Guia Prático de Classificação Indicativa” (ver link 2). Este guia diz que o requerente deve encaminhar a obra, juntamente com a ficha de inscrição e a “classificação pretendida”, à Coordenação de Classificação Indicativa (COCIND). Depois disso, o COCIND analisará o pedido e publicará a “classificação recebida” no Diário Oficial da União. Somente após a publicação, a obra estará apta para exibição.
No diário oficial da união, publicado em 08/10/2010, lê-se que a classificação pretendida pelo requerente para o “Elvis on Tour” foi “não recomendado para menores de 14 anos”. Contudo, mais abaixo, aparece o número do processo e a classificação recebida “livre” (ver link 3). Resultado semelhante é visto quando se consulta a classificação indicativa no portal do Ministério da Justiça (ver link 1). Neste, o “Elvis on Tour” aparece como “Livre” na “classificação recebida”. No item “inadequação”, nada aparece, mostrando que nenhum conteúdo ofensivo foi encontrado no filme.
Uma segunda edição do “guia de classificação indicativa” foi publicada neste ano de 2012 (link 4), objetivando melhorar o conteúdo apresentado no guia anterior. Nesta publicação, são explicados os vários critérios para a classificação final da obra, incluindo violência, sexo, nudez e uso de drogas lícitas e ilícitas. Ao todo, são descritas seis categorias de classificação que a obra pode receber: livre (L), não recomendado para 10, 12, 14, 16 e 18 anos. Quando há “insinuação” ao uso de drogas ilícitas, o conteúdo é considerado inadequado para menores de 14 anos. Os filmes cujas cenas mostram produção, tráfico, consumo ou indução ao uso de drogas ilícitas são impróprios para menores de 16 anos. Classificação mais rigorosa recebe o filme que faz apologia ao uso de drogas. Neste caso, ele é não recomendado para menores de 18 anos. Sobre o “Elvis on Tour”, a percepção unânime dos expectadores é de que o documentário não se enquadra em nenhum destes critérios de inadequação. Essa percepção é a mesma da “Coordenação de Classificação Indicativa”, que qualificou como “livre” o documentário.
Deve-se enfatizar que o lançamento do “Elvis on Tour” pelos seus distribuidores contribuiu favoravelmente para aquisição da obra, permitindo que o DVD fosse oferecido a preços mais acessíveis no mercado brasileiro. Entretanto, as razões que levaram a classificação indicativa de 14 anos permanecem incompreendidas pelos fans. Estas são dúvidas que persistem, e talvez persistirão, sobre o excelente documentário “Elvis on Tour”. Todos nós, admiradores e simpatizantes de Elvis, compartilhamos o desejo sincero de que essa classificação seja revista nos próximos exemplares do filme; e que o DVD possa ser comercializado com a classificação “livre” para o entretenimento das famílias e do público geral. Viva Elvis!

Link 1 (Ministério da Justiça):
http://portal.mj.gov.br/ClassificacaoIndicativa/jsps/ConsultarObraForm.jsp

Link 2 (Guia Prática de Classificação Indicativa)
http://portal.mj.gov.br/main.asp?Team={67064208-D044-437B-9F24-96E0B26CB372}

Link 3 (Diário Oficial da União)
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/20359160/dou-secao-1-08-10-2010-pg-84

Link 4 (Novo Guia de Classificação Indicativa)
http://www.brasil.gov.br/enfrentandoocrack/noticias/guia-pratico-da-classificacao-indicativa


Solidonio.
Colaborador do Almost Elvis JP